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Visita Pascal na Gafanha da Nazaré


Vídeo de Humberto Rocha 

Ausente da Gafanha da Nazaré na semana da Páscoa, não pude receber, como é da tradição, a Visita Pascal. Confesso que senti a falta do grupo que anuncia a alegria de Cristo Ressuscitado, razão de ser da nossa fé. A vida, no entanto, gera estas situações. Contudo, não deixei de pensar na tradição que se inculcou no meu espírito desde que passei a registar os acontecimentos e vivências na minha memória, já lá vão uns 70 anos.
Nos meus tempos de menino e durante décadas a Visita Pascal era presidida pelo próprio prior, acompanhado de alguns adultos. Um levava a Cruz enfeitada com Jesus crucificado, outro a caldeirinha de água benta e um terceiro um cesto de razoáveis dimensões para recolher os ovos do folar destinado ao pároco. Quando o cesto ficava cheio, os ovos eram deixados em casa de um freguês, que se encarregava de no dia seguinte os entregar na residência paroquial. Algumas famílias ofereciam uns bolinhos com um cálice de Vinho do Porto e na hora do almoço (antigamente dizia-se jantar) havia mesa posta para uma refeição festiva, tradição que se mantinha de ano para ano. 
A Visita demorava o domingo, de manhã à noite, e continuava na segunda-feira e no domingo de pascoela. Mais tarde recorria-se a padres não párocos, para tudo se fazer mais rapidamente. As famílias, maioritariamente, abriam a porta da sala, onde o pároco aspergia os presentes com água benta, abençoando as pessoas presentes. O acompanhante do cesto recolhia os ovos.
Nesses tempos, os párocos recebiam para seu sustento a côngrua, um contributo das famílias em géneros agrícolas ou dinheiro, neste caso se não fossem agricultores. E ainda o folar da Páscoa. Os ovos eram vendidos a comerciantes já habituados a essas operações.
Com o crescimento demográfico, tornou-se impossível ao pároco visitar toda a gente, pelo que nasceu a ideia de organizar grupos que levassem a Boa Nova da Ressurreição aos paroquianos. Tudo ficou mais fácil. E os ovos passaram a ser substituídos por uma importância pecuniária. Os grupos preparam uns cânticos e oferecem uma pagela com uma oração alusiva, que todos rezam com as pessoas da casa. As famílias costumam assinalar o gosto de receber a Visita Pascal com uns verdes que colocam junto à porta de entrada. 
Os tempos, porém, vão perdendo estas tradições. Os católicos, embora em maioria, já não estão tão vinculados a estes gestos festivos e há muitos indiferentes, de outras religiões, emigrantes e ainda ateus a quem os atos de culto não dizem nada, como se compreende.

Recordações da Páscoa



Primeira Parte

1. A Páscoa celebra, como é sabido, o grande mistério da nossa fé. Há um período, a Quaresma, que nos prepara para isso. Já no fim, o Tríduo Pascal congrega-nos intensamente para a vivência da paixão e morte de Jesus. Silêncio, meditação e oração, com jejuns, abstinências e partilhas, tornam mais expressiva a fé que de Deus no vem para em comunhão com todos construirmos um mundo melhor. Dir-se-á que esse propósito nos deve animar nos passos da nossa existência terrena, não sendo necessária a Páscoa. Para mim, a Páscoa é sempre uma mais-valia para o aprofundamento do meu envolvimento nos projetos da construção de uma sociedade mais fraterna, mais humanista. Por isso, valorizo de modo especial a festa maior do cristianismo. Maior, porque é da Ressurreição de Jesus Cristo que dimana a razão da nossa fé, dom de Deus ofertado a todos os homens e mulheres de boa vontade. Eu preciso da Páscoa. 

Egas Moniz na estação do Porto

  Quando vou ao Porto, a capital do Norte, lembro-me com frequência dos painéis que decoram a sala de entrada da Estação Ferroviária. Nunca ...