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Memórias da "Praia do Farol"(2)

Vi muita gente feliz com lágrimas 

A tantas entradas deste navio assisti...
Na hora de esperar (foto recente do meu arquivo)
Das memórias que retenho da Praia do Farol, as mais emotivas estão ligadas à entrada dos navios de regresso dos bancos da Terra Nova e da Gronelândia, carregados de bacalhau salgado e acamado no porão. Dizia-se que a salga, com o balançar do barco por força das ondas alterosas, estava na base de um fiel amigo mais saboroso. Mas disso pouco sei.
O meu pai foi bacalhoeiro desde que tomei conhecimento do mundo que me cerca, mais concretamente a partir dos meus cinco anos. Evoco a sua partida  para a viagem, com a minha mãe lacrimosa, e nós, eu e o meu saudoso irmão, calados, a olhar para o pai e para a mãe, sem termos palavras para dizer, mas com a tristeza contagiosa deles. O meu pai abraçava-nos e beijava-nos, calado, com lágrimas furtivas, e lá ia. Depois, ficávamos com a alegria da esperança de que num dia qualquer haveria de voltar para junto de nós.
Quando, pelas notícias, se sentia ou percebia que o regresso da faina estava próximo, não disfarçávamos a alegria. E na hora própria, corríamos para a boca da barra com a mãe e tantos outros familiares, olhando sempre o navio que esperava a maré. E nunca mais apontava a proa para o farol… A seguir, vagarosa mas firmemente, aproxima-se da meia-laranja com os pilotos da barra a indicar, ao que julgo, o trajeto mais seguro, que o canal era traiçoeiro com os assoreamentos frequentes. E com a aproximação do navio, tudo se agitava, todos acenavam com lenços ou bonés, alguns até queriam fazer-se ouvir pelos pescadores e demais tripulantes, gritando os seus nomes.
Seguia-se a correria, a pé, de bicicleta ou de carro, quando tal era possível, para o cais de desembarque, na Cale da Vila ou Chave, Gafanha da Nazaré. Os familiares de longe vinham de táxi. Vi muita gente feliz com lágrimas, no dizer do escritor João de Melo.

Bons tempos

Em que década?
Fotos tiradas de ângulos diferentes,
provavelmente no mesmo dia 


Porto de Pesca - Cale da Vila
Porto de Pesca - Cale da Vila
Bons tempos eram estes, representados por uma foto que andava por aqui perdida numa caixa. Bons tempo porque havia navios para a pesca do bacalhau e outros, oferecendo trabalho e pão para muita gente. Dava gosto sentir a azáfama para que o mais depressa possível tudo ficasse operacional para mais uma campanha de pesca nos mares frios da Terra Nova e da Gronelândia. Havia ausências, mas não faltava o pão para muitas famílias. Trabalhos duros de roer, é certo, mas os homens do mar eram corajosos.

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