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Evocando o Dr. Ribau falecido quase há 10 anos

Dr. Maximiano Ribau
Confesso que às vezes me comovo (Será da idade?) com mensagens que recebo e palavras amigas que me honram. Hoje, depois de um tempo de descanso, abri o computador e leio de imediato  uma mensagem que me havia sido dirigida pouco tempo antes, referente a um texto que publiquei sobre o Dr. Ribau, falecido em 22 de Dezembro de 2008. Quem a assinou foi Filipa R. Nunes. Diz assim:

«Ao fim de tantos anos encontro algo tão bonito como essas palavras que foram proferidas, acerca de um Homem que me orgulho e tive o prazer de lidar. Esta pessoa magnifica que foi e o seus feitos incontáveis. Salvou não uma vida, mas muitas e foram estes os gestos que o denominavam, que o caracterizavam. Já passaram quase 10 anos após esse acontecimento, mas hoje como  desejaria estar ao seu lado a ouvi-lo mais uma vez a contar as suas histórias, pois na altura não dei a atenção devida e agora sobram os seus manuscritos e a honra de ter feito parte da história e da vida deste Homem!!!! Obrigada a si, pelas palavras que tão bem me souberem enquanto as lia, recordei, sonhei e chorei.

Filipa R. Nunes 

(14 - 05 - 2017, 17h21)

E o que escrevi?

Faleceu o Dr. Ribau 

O sol brilhante e acariciador convidou-me esta manhã para um passeio pela nossa Av. José Estêvão. Meia dúzia de passos andados, dei de chofre com a notícia do falecimento do Dr. Maximiano Ribau, com a provecta idade de 96 anos. Licenciado em medicina pela Universidade do Porto, em 1940, desde essa data começou a exercer clínica na sua terra Natal, Gafanha da Nazaré. 
O Dr. Ribau foi médico de inúmeras famílias e pessoas desta sua terra durante décadas. E em épocas de parcos haveres, para muitos, sempre atendeu os pacientes, sem preocupações de receber os honorários que lhe eram devidos. Tratava-os, ao domicílio ou no consultório, e depois se via… 
Foi meu médico durante muito tempo, sobretudo durante uma grave doença pulmonar que me afectou, fatal para muitos nessa altura. Recordo bem a forma persistente com que me assistia, como me levava a especialistas para não haver dúvidas sobre o tratamento a seguir, como ralhava comigo quando não tomava alguns remédios intragáveis. E ainda recordo a sua alegria (e a minha) quando me deu por curado. Mas acrescentou, então sem perigo de me provocar qualquer angústia, que escapei por milagre. 
Sempre lhe fiquei grato por isso. O Dr. Ribau ainda se envolveu nos assuntos da terra, chegando a criar a Cooperativa Humanitária, fruto de um sonho seu, que nunca chegou a atingir os objectivos que se propunha, por várias razões. 
O Dr. Ribau, que hoje [22 de dezembro de 2008] nos deixou, perdurará na memória de muitos gafanhões como médico competente, interessado pelos seus doentes e amigo da sua terra e das suas gentes. 
O seu funeral será amanhã [23 de dezembro de 2008], pelas 15.30 horas, com missa de corpo presente, na igreja matriz da Gafanha da Nazaré. 
Paz à sua alma. 

Fernando Martins

Os primeiros médicos na Gafanha da Nazaré

Médicos que exerciam 
uma clínica de proximidade

O primeiro médico com consultório na Gafanha da Nazaré foi o Dr. José Rito, o primeiro gafanhão com um curso de medicina. Foi licenciado pela Universidade de Coimbra em 1918. Casou em Ílhavo, foi inspector de saúde e médico municipal.
Os médicos que montaram consultório na nossa terra e que aqui exerceram clínica toda a vida foram os Drs. Joaquim António Vilão e Maximiano Ribau. O Primeiro de Figueira de Castelo Rodrigo e o segundo da Gafanha da Nazaré.
Exerceram a sua profissão em espírito de missão, muito próximos dos seus pacientes. No consultório e nas visitas domiciliárias, constantes naqueles primeiros tempos.
As consultas e os primeiros tratamentos, que não se coibiam de aplicar, tão certos estavam das dificuldades das pessoas, que bem conheciam, suscitaram muitas reações de respeito para com estes médicos.
Como era hábito nessa década, os médicos estabeleciam com as famílias uma avença ano após ano. Dinheiros não abundavam e a mais simples forma era receberem, em paga das consultas, produtos da terra.
Na época das colheitas, cada médico convidava uns amigos que percorriam a freguesia para a recolha do que as famílias ligadas por compromisso oral podiam dar. Depois, os clínicos, como é óbvio, teriam de vender os produtos recolhidos.
Paralelamente, davam consultas a não avençados e a funcionários e trabalhadores de instituições ou organizações, como a Casa dos Pescadores, a Aviação e empresas.
Quando afirmei atrás que exerciam um serviço médico próximo, quis sublinhar a dedicação com que viviam e sentiam os problemas das famílias e pessoas. Muitas vezes eram eles próprios que ofereciam medicamentos a gente mais pobre, aplicando injeções muito em voga naqueles tempos.
Estes médicos, que ainda moram indelevelmente na memória dos gafanhões mais idosos, os que com eles privaram como pacientes, ainda puseram em prática, no dia a dia, uma tarefa pedagógica muito importante, na luta contra a superstição e a ignorância. Importava educar para uma vida mais saudável, para uma alimentação mais correta dentro do possível, para a vacinação e para o recurso às consultas e erradicação das mezinhas tão em voga na década de quarenta do século passado, como ainda hoje em certas famílias menos esclarecidas.

Fernando Martins

Egas Moniz na estação do Porto

  Quando vou ao Porto, a capital do Norte, lembro-me com frequência dos painéis que decoram a sala de entrada da Estação Ferroviária. Nunca ...